A Saúde Mental na Infância: Perspectivas e Obstáculos no Âmbito da Saúde Pública Nacional
Ana Luisa de Moura, Jessica Thaianny, Laís Leandra, Letícia Gabriela, Milene Kamela
Graduandas da UFSJ-CCO
v.2, n.11, 2024
Novembro de 2024
A saúde mental infantil é um tema de grande relevância no contexto da saúde pública brasileira. A infância representa uma fase crucial para o desenvolvimento humano, e a saúde mental desempenha um papel essencial nesse processo. No entanto, é preocupante que, muitas vezes, a saúde mental das crianças não receba a devida atenção no sistema de saúde pública do Brasil.
Embora o país tenha obtido avanços significativos na melhoria da saúde física das crianças por meio de programas eficazes de vacinação e nutrição, a saúde mental ainda é frequentemente negligenciada. Muitas crianças sofrem de transtornos mentais, como depressão e ansiedade, que não são adequadamente diagnosticados ou tratados.
Segundo Couto, Duarte e Delgado (2008), a saúde mental infantil e juvenil foi incluída tardiamente na agenda das políticas de saúde mental devido à complexidade dos problemas relacionados e à falta de conhecimento sistematizado sobre a frequência e persistência desses transtornos. E historicamente, a responsabilidade pelas ações de saúde mental para crianças e adolescentes foi atribuída aos setores de educação e assistência social, com poucas iniciativas provenientes da área de saúde mental [1].
Figura 1: A saúde mental na infância: depressão e ansiedade.
Fonte: Imagem gerada por Inteligência Artificial - https://www.bing.com/images/create/a-sac3bade-mental-na-infc3a2ncia3a-depressao-e-ansiedade-/1-664e01b0f5de4bc2ab532dddef1ea6be?id=9g6Zumu%2f4vbD75KEQQbDPw%3d%3d&view=detailv2&idpp=genimg&thId=OIG3.f0KqXdmjN53h4su251Jw&FORM=GCRIDP&PC=SANSAAND&mode=overlay
A escassez de recursos e a falta de profissionais de saúde mental capacitados representam barreiras significativas para o tratamento da saúde mental infantil. Além disso, o estigma associado aos problemas mentais pode inibir as famílias de se dedicarem a buscar ajuda. É incontestável que o sistema de saúde pública brasileiro reconheça e enfrente estes desafios [2].
São necessárias diversas estratégias para aprimorar a saúde mental infantil no Brasil. Primeiramente, é necessário aumentar o financiamento destinado à saúde mental e garantir sua aplicação eficaz. Isso inclui a contratação de mais profissionais especializados e o aperfeiçoamento da formação dos já existentes. Em segundo lugar, é fundamental promover a conscientização sobre saúde mental infantil. Campanhas de educação pública e programas escolares podem informar crianças e suas famílias sobre os sinais e sintomas dos transtornos mentais, incentivando a busca por ajuda quando necessário [2]. Por fim, o investimento em pesquisas sobre saúde mental infantil é crucial. Essa abordagem permitirá identificar as causas dos transtornos mentais e desenvolver tratamentos mais eficazes.
Nos últimos anos, houveram esforços significativos para melhorar a atenção à saúde mental infantil no Brasil. O Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel crucial nesse sentido. A criação dos Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) é uma iniciativa importante, proporcionando atendimento especializado a crianças e adolescentes com transtornos mentais severos e persistentes. No entanto, a quantidade de CAPSi ainda é insuficiente para atender à demanda nacional [3,4].
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), implementada em 2015, também representa um avanço importante. Essa política visa garantir o desenvolvimento integral das crianças brasileiras, incluindo a promoção da saúde mental desde a primeira infância [3].
Em síntese, a saúde mental das crianças é um aspecto vital da saúde pública que merece maior valorização no Brasil. Com investimentos adequados, conscientização e pesquisa contínua, o país pode avançar significativamente na promoção da saúde mental infantil. Não se trata apenas de uma questão de saúde pública, mas também de direitos humanos. Cada criança tem o direito de crescer com uma mente saudável, e cabe a todos nós assegurar que esse direito seja respeitado.
Referências Bibliográficas
[1] Couto, MCV. et al. A saúde mental infantil na Saúde Pública brasileira: situação atual e desafios. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 30, n. 4, p. 390–398, 2008.
[2] BRASIL - Ministério da Saúde. Caminhos para uma Política de Saúde Mental Infanto-juvenil. Disponível através do link: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caminhos_politica_saude_mental_infanto_juvenil.pdf. Acesso em: 05 nov. 2024.
[3] BRASIL - Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC). Disponível através do link: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-da-crianca/pnaisc. Acesso em: 05 nov. 2024.
[4] BRASIL - Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Mental. Disponível através do link: https://www.gov.br/mec/pt-br/residencia-medica/pdf/politica_nacional_saude_mental.pdf/view. Acesso em: 05 nov. 2024.